Ventava muito naquele dia
mas medo, ela não tinha
nasceu do vento, era parte dele
era como um amante
como um prenúncio de liberdade
Aliás, ela deveria ter nascido com asas
para com o vento voar,
mas como, se é um ser humano disfarçado de anjo?
Uma pena, pois só os privilegiados
podem ver suas asas do mais puro cristal.
Asas reveladas no sorriso de criança
na maneira de falar com tanta pressa, dispersa...
Asas que estão no olhar de menina romântica
que estão na alma que não cansa do silêncio que canta.
Tudo culpa do vento, que toma todo seu tempo...
Não, ela não sabe voar com o vento
mas alça vôos imensos através das palavras
das entrelinhas, das reticências, das adjacências do amor,
nas causas da dor.
Tudo está onde deveria estar, tudo no seu devido lugar
e mesmo que ela ainda não saiba, não precisa voar,
pois tem o vento no seu tempo de dentro.
Na escuridão da noite,
no brilho das estrelas, na magia da lua
ela é anjo, ela é catavento, ela é farol,
faça chuva ou faça sol.
(Meu Poema para Flávia Braun)